Confira 20 dicas de pilotagem e segurança que farão sua viagem de moto ficar mais segura e agradável
A sensação de domar um veículo a mais de 100
quilômetros por horas e a liberdade de uma autoestrada deixa qualquer
um na fissura. Agora se for em cima de uma moto que te deixa sentir o
contato direto com o vento, sentir a pista e, em muitos casos, que rompe
a barreira dos 300 Km/h, essa experiência se intensifica muito mais.
Mas antes de pegar a estrada em duas rodas tem uma série de cuidados que
se deve tomar e numa rodovia controlar a moto pode não ser tarefa tão
simples. Confira algumas dicas que farão sua viagem de moto ficarem
muito mais confortáveis e seguras. O jornalista e instrutor de pilotagem
da Speed Master Cursos de Pilotagem Defensiva, Geraldo Tite Simões deu algumas dicas para tornar as viagens mais seguras.
Antes de pegar estrada
Avalie
o estado geral da motocicleta. Confera pneus, bateria, farol, lanterna,
corrente e lubrificação. Veja se é preciso trocar alguma peça, pois na
estrada a moto é muito exigida. Principalmente em época de chuvas, o
pneu tem que estar em excelentes condições de uso. É importantíssimo
também equipar a moto com antena anticerol porque nas rodovias a
criançada costuma soltar pipa no acostamento das pistas.
Moto de pista
Pela
legislação brasileira qualquer motocicleta pode pegar estrada, porém
uma moto 125 ou 150 cilindradas é muito exigida ao rodar a 120 km/h. O motor
estará no limite o tempo todo e o sistema de frenagem não é tão
eficiente quanto motos de maior cilindrada. Uma moto de 250cc, além de
andar em rodovias com folga no motor, possui sistema de suspensão e
frenagem mais eficiente, além de serem maiores e mais fáceis de serem
vistas.
Se o tombo for inevitável...
Tite
adverte: “Caso o tombo seja inevitável não tente ficar na moto.
Desapega! Deixa ela ir e tente se safar. A moto vai deslizar muito mais
do que a gente. Em caso de acidente é primordial sair com vida, a moto é
o de menos nessas situações”.
Nunca na rodovia
Ads by OnlineBrowserAdvertisingAd OptionsSegundo o instrutor da Speed Master,
“jamais pare em acostamento. A tendência de acontecer um acidente com
veículos é muito grande.” Sempre que tiver que parar, procurar um posto
de gasolina. A mesma regra também vale para viadutos e túneis, com o
agravante da iluminação, que ofusca a visão dos motoristas e torna o
motociclista um alvo ainda mais fácil. Sempre leve uma capa de chuva,
pois ela tem uma função mais importante até do que proteger o condutor
durante as chuvas, ela ajuda a manter a temperatura do corpo: quedas de
temperaturas são muito perigosas porque apenas um grau centígrado que
perdemos pode fazer o corpo entrar em estado de hipotermia e o primeiro
sintoma é um sono incontrolável”, destacou Tite.
Curva com segurança
Sempre
tente antever a curva, avaliá-la com antecedência e nunca deixar para
frear ou tomar decisões em cima da hora. Caso entre na curva muito
rápido e precise corrigir isso, utilize somente o freio traseiro, pois
dianteiro muda a trajetória da moto, fazendo com que ela vá reto. O
ideal é que o motociclista nunca seja surpreendido por nenhuma situação.
Se previna de carros lentos na rodovia, pista suja ou escorregadia.
Trafegue direito
“Nunca
ande muito devagar na estrada. Motos trafegando devagar viram alvo
muito fácil. É melhor ultrapassar do que ser ultrapassado. E, quando ver
que vem um carro mais rápido, saia da frente”, alerta Tite. O
motociclista também deve manter um ritmo com sua experiência. Não
adianta querer rodar durante 600 km se não tem costume e preparação
física para isso. Motos exigem bastante do condutor que pode ter
câimbras inesperadas. Todo cansaço gera déficit de atenção. É indicado
que o motociclista pare de hora em hora para fazer um alongamento.
Equipamentos salvam vidas
Não
pense que as jaquetas que os pilotos de pista usam na rodovia são
apenas “roupas estilosas”. Esses equipamentos podem salvar vidas e
evitam muitos ralados e fraturas. Eles vêm com revestimentos rígidos
fora das articulações para proteger os ossos. Luva, casaco, calça (ou
macacão) e botas são equipamentos indispensáveis e o ideal não é usá-los
somente em rodovias, pois o motociclista está exposto a acidentes em
qualquer rua ou avenida. Há coletes cervicais que diminuem o risco de
lesões na coluna em caso de queda. A maioria dos casacos já vem com
proteção cervical, caso sua jaqueta não tenha essa proteção, ele também
pode ser comprado separadamente.
Ads by OnlineBrowserAdvertisingAd OptionsCorredorO
instrutor Tite Simões recomenda “usar o corredor só quando o trânsito
estiver realmente parado. Em qualquer outro caso, é melhor usar o espaço
de um carro. Na estrada o motorista não fica tão atento às motocicletas
no corredor como na cidade e, andar nessas circunstâncias a mais de 60
Km/h é muito arriscado, pois no caso de algum carro mudar de faixa, não
dá para desviar, então se é para andar a 60 Km/h, é mais seguro andar
atrás dos carros, sem se arriscar à toa”.
Frenagem
Muito
se comenta que “usar o freio da frente é perigoso, pois pode capotar a
moto”. Lenda. O ideal é frear com os dois ao mesmo tempo, não começar
com o traseiro ou frear primeiro o dianteiro para depois brecar o
traseiro, sempre frear ambos em sincronia. A exceção vale para as curvas
onde é melhor usar apenas o freio traseiro.
Condições climáticas
Antes
de sair de casa é sempre válido entrar em sites de meteorologia para
não ser pego no meio do caminho por chuvas. “O Brasil é um país de
vários climas. No verão, por exemplo, estamos em São Paulo com calor, se
formos para Campos do Jordão, a temperatura já cai para 15 graus,”
relembra Tite. No caso de neblina é importante redobrar a atenção e não
deixar a viseira do capacete embaçar. Para isso, o ideal são os
capacetes que permitem abrir alguns milímetros da viseira para entrar
ar, o que aumenta o risco de entrar uma pedra e atingir o rosto do
piloto. Há alguns produtos que não permitem que a viseira embace e
algumas viseiras vendidas no mercado já possuem tecnologia
antiembaçante. É bom usar coletes reflexivos ou adesivos que refletem a
luz na moto, o que pode ajudar muito em casos de baixa visibilidade.
Motocicletas possuem área frontal muito pequena e apenas uma lanterna,
muitas vezes posicionada em lugares onde motoristas de caminhões e
carros grandes a não enxergam, com isso, é muito fácil uma moto sumir na
estrada.
Trace um roteiro
Antes
de sair de casa utilize mapas (pela internet ou em papel) e estipule um
roteiro a ser seguido. Em motos não é tão fácil usar GPS, com isso é
importante saber para onde está indo, ter pontos de referência e ficar
atento às placas.
Saiu de frente ou de traseira
Existem
técnicas ensinadas em escolas de pilotagem que ensinam a trazer a moto
de volta em caso de saída de frente ou traseira, em todo caso, é uma
técnica complicada que exige muito treino e um instrutor especializado.
Quem não tem um curso para se safar dessas situações deve andar
precavido e pilotar com o máximo de calma.
Bagagem
Moto
tem um espaço pequeno para bagagens. Geralmente o motociclista leva as
coisas em baús ou em mochilas. Tite dá boas dicas para acomodações dos
pertences: “Esparrame tudo o que pretende levar e retire dali pelo menos
30%. Embale roupas em sacos plásticos para que não molhem caso chova.
Existe um eletrodoméstico que embala a vácuo, o que diminui ainda mais o
espaço ocupado pelas roupas. Peças frágeis devem ser bem acomodadas,
pois há um grande risco da moto cair, mesmo que parada. Respeite os
limites de carga indicados no manual da motocicleta. Bagageiros também
vem com manual que explica sua capacidade de carga. Baús, por ficarem
atrás do eixo traseiro da moto também podem comprometer a estabilidade
da roda dianteira (o peso
faz com que a moto empine). Distribua o peso pela moto. Bagageiros
laterais (alforjes) ajudam na distribuição, porém nunca deixe que ele
encoste no escapamento, isso pode iniciar um incêndio. O pneu também
pode encostar nos alforjes e derretê-los. Bolsas de tanque também são
boa solução, em todo caso, antes de sair, certifique-se de que não estão
atrapalhando o esterçamento do guidão. Amarre tudo, pois o vento em
altas velocidades pode esparramar suas coisas pela estrada. Mochilas
também podem ser uma boa alternativa, mas tem que ser com cinta
abdominal e presilha peitoral nas alças. Regule a mochila para que ela
fique apoiada no banco e alivie a carga nos ombros. Caso vá com garupa,
não deixe que a mochila ultrapasse o limite do banco da moto e fique
apoiada na lanterna traseira, por exemplo. Os mais magrinhos podem levar
uma mochila pequena entre o piloto e o garupa”, completa Tite. É
importante também, sempre que parar, conferir se está tudo preso, pois o
asfalto ruim de nossas estradas e a força do vento pode afrouxar as
amarras.
Tenha consigo
Sempre
saia de casa com capa de chuva, lanterna, um kit básico de ferramentas e
kit de reparo de pneu. As motos modernas quase não quebram, porém o
seguro morreu de velho.
Garupa
Ads by OnlineBrowserAdvertisingAd OptionsAssim
como o condutor tem que respeitar seus limites, o garupa também carece
de atenção. A posição do acompanhante geralmente não é privilegiada
pelos engenheiros, principalmente em motos esportivas. “Eles sentem dor
nas costas, câimbras e estão menos acostumados a andar de moto”, explica
Tite. A calibragem dos pneus muda e a frenagem da moto fica mais
traseira do que dianteira. O centro de gravidade muda, tão logo, a
maneira de se comportar nas curvas também é diferente. Motos custom ou
as big-trail já são mais adaptadas para o uso com garupas, já as
esportivas e as naked exigem mais atenção, uma condução ainda mais
cautelosa e contida e devagar, é sempre bom ir perguntando ao garupa se
ele quer descansar um pouco”, alerta o instrutor.
Acelere com parcimônia
Motos
grandes (de 600 cilindradas para cima) tracionam demais. O motociclista
deve se manter longe das faixas de orientação da via, como as faixas
brancas e amarelas do chão da rodovia. Manchas de óleo dos caminhões
também representam risco. Geralmente as pistas da direita são mais
suscetíveis a ter óleo. Caso entre numa curva e sinta que pegou óleo, a
dica é tentar manter o controle da moto e desviar o máximo possível.
Pneu furado
Caso
esteja na estrada e o pneu furar, é preciso parar na primeira
oportunidade. Motos com rodas raiadas usam pneus com câmera de ar, o que
dificulta ainda mais: caso o pneu fure, ele vai murchar rapidamente e
colocar o piloto em risco. Nesse caso, ele deve procurar o telefone da
operadora da autoestrada e pedir socorro, parar a moto o mais distante
possível da pista e ficar atento. Motos que utilizam pneu sem câmera
pode usar um kit de reparo vendido em qualquer loja de acessórios. Em
todo caso, é importante levar o pneu furado para vulcanizar, pois ele
atinge temperaturas extremas e essa borrachinha de reparo pode sair.
Existem também produtos químicos preventivos, que podem ser aplicados
por dentro dos pneus e evitam que o mesmo esvazie depressa, em todo caso
é paliativo.
Capacete
No
mercado existem capacetes de R$ 50 a R$ 3.000. Qualquer capacete acima
de R$ 600 é de qualidade muito boa, com viseira fechada e antirrisco. O
ideal é trocar o capacete a cada cinco anos, mas para quem usa mais a
moto, quando o capacete começa a ficar folgado, é sinal que precisa ser
substituído. Com a moto em alta velocidade o vento tende a deslocar o
capacete da cabeça do motociclista e se isso acontecer, não tire a mão
do guidão.
Autoconfiança
“O
motociclista não pode superestimar o equipamento. Tem que ir na manha,
sem pensar que domina. Iniciante nunca cai, quem cai é cara experiente,
que sai dando mão na estrada. Respeite seus limites e os limites da moto
também. Não é porque sua moto anda a 300 km/h que você deve atingir a
velocidade máxima. Há os limites da pista e do piloto. Tem que ter
conhecimento do equipamento também, saber o quanto ela acelera, o quanto
freia, o quanto faz curvas e o seu comportamento ante as imperfeições
da pista”, explicou Tite.
Não saia de casa
by OnlineBrowserAdvertisingAd OptionsO
instrutor de motociclismo finalizou a entrevista alertando: “O
motociclista tem que seguir seus instintos. Tem dia que você não está
muito disposto, então não saia. Sabe que vai chover direto, evite sair,
principalmente na estrada acelerações, frenagens e estabilidade ficam
muito prejudicadas com o piso molhado. Com neblina também. Cansado e com
sono, jamais pegue a moto. A única coisa que cura o sono é dormir, não
tem energético ou café que resolva. Eu mesmo quando viajo levo comigo
uma rede que cabe na mochila, quando estou com sono, procuro um posto de
gasolina, estico a rede e duro até me sentir bem para seguir. Mais vale
ficar um tempo dormindo e completar a viagem do que provocar um
acidente pelo caminho”.
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