sexta-feira, 25 de julho de 2014

NOTÍCIAS: Desmistificando Viagens Parte 2 - Por André Carrazzone

No texto passado fizemos um trajeto para usar como exemplo nesse nosso papo lembra-se?


Escrita pelo motociclista André Carrazzone (42 anos)
Vamos para San Pedro de Atacama, saindo do Brasil por Foz do Iguaçú, seguindo por Corrientes, já na Argentina até Salta, San Salvador de Jujuy, entrando no Chile por Jama até San Pedro. Retornaremos por Salta também e de lá desceremos até Cafayate, depois Tafi Del Valle, Santiago Del Estero e subiremos até Foz para entrarmos novamente no Brasil.
Existem várias formas de fazer esse trajeto. Rápido, passando por tudo e aproveitando pouco e existe o divertido, aproveitando ao máximo as estradas, cidades e atrações. Sou adepto dessa última, ok? Penso que saímos para uma viagem desse padrão para diversão e, seguindo esse pensamento, direciono todo meu planejamento.
Em primeiro lugar gosto de verificar todas as possibilidades e atrações no trajeto e a partir disso, verifico a quantidade de dias que preciso para aproveitá-los. Já fiz uma viagem grande onde andávamos muitos quilômetros por dia. Passamos em muitos lugares por onde deixei aquela vontade de ver algo que não vi. Não recomendo!

Costumo definir meus dias de viagem da seguinte forma: deixo a estrada para a parte da manhã e uma pequena parte da tarde, somando assim algo entre 400 e 600 quilômetros por dia. Dessa forma consigo aproveitar a cidade do pernoite, mesmo que não tenha atrações. Nos locais onde existem muitas paisagens ou algo que vá me tomar muito tempo, como fronteiras ou troca de moeda, deixo um pouco menos de estrada. Coloco como hora final da estrada, às 16 horas. Se tiver algum problema mecânico, tenho tempo, se tiver complicações ou filas nas fronteiras, tenho tempo, e assim por diante, acho mais tranquilo!
Voltando à viagem, uma preocupação comum é com a moeda dos países onde passaremos. Em primeiro lugar deve-se conhecer o que terá pela frente. Faça uma pequena pesquisa na internet, primeiro para conhecer a “cara” das moedas e depois para ter noção do valor daquela moeda. Eu costumo até fazer uma tabelinha com os valores e suas equivalências com o real. Dessa forma sei se estou trocando o dinheiro por um valor decente. Outra coisa, eu costumo sair de viagem com o dinheiro direcionado para a parte da viagem no exterior, em Dólares. O Real nem sempre é aceito ou tem boa valorização em outros países, sejam nossos vizinhos ou não. Já o Dólar não corre esse risco.
Trocar dinheiro aqui no Brasil ou na fronteira? Já fiz das duas maneiras e já tive cotações boas e ruins das duas maneiras. O que você deve levar em consideração é a logistica. Por exemplo, você vai entrar por uma fronteira muito movimentada em outro país? Se a resposta for sim, dê preferência por ir já com a moeda trocada. Ao menos algum dinheiro já trocado por que se precisar abastecer ou se alimentar, terá como fazê-lo e pode trocar o resto em alguma grande cidade pelo caminho. As casas de câmbio em fronteiras são bastante movimentadas. Geralmente tem cotações boas, mas se for esperar uma fila grande para trocar o dinheiro, é triste! Sair com o dinheiro já trocado nas moedas dos países que passará é muito mais tranquilo. Se você for viajar em grupo então, onde o tempo que irá perder é bem maior já que todos vão trocar o dinheiro, ai vale mesmo a pena trocar aqui.

André e sua esposa Chris, já realizaram diversas viagens pela América
do Sul, cada qual pilotando sua moto

Olhe, não se esqueçam da etapa Brasileira da viagem hein? Lembre-se de levar Reais ou cartões de crédito. Por falar nisso, os cartões de crédito são importantes sim. Leve sempre um Internacional junto com você. Mesmo que não tiver previsão de usá-lo, numa emergência ou numa compra não prevista, é uma boa opção. Só não se esqueça de LIBERÁ-LO para compras no exterior, ok? Senão não adianta nada. Os cartões específicos para viagem, onde você deposita o valor no cartão e o usa durante a viagem somente é muito bom, só que depende da estrutura dos locais que você passará. Nem sempre terá um Banco 24 horas para usar esse tipo de cartão.
Mas então, e quanto levar de dinheiro? Difícil responder com exatidão isso! Cada pessoa tem um padrão de gastos em viagens, mas posso falar por mim. Eu gasto pouco na estrada. Não almoço para ficar sempre alerta. Como o que levo. Barrinhas de cereal por exemplo. Meu gasto durante o dia é basicamente com gasolina e pequenos lanches, e só. Hotel eu também sou “espartano”. Penso que se é para dormir e tomar um bom banho, o Hotel não precisa ser cinco estrelas. Quanto significa isso enfim? Em números, no meu caso, cinquenta dólares por dia. Verdade! Mas esse é o meu caso. Nada impede de você comer durante o dia ou ficar em um Hotel melhor. Por isso falei no início que é difícil responder sobre o quanto levar em dinheiro. Ai a pessoa me pergunta: “André, quanto você gasta numa viagem dessas?” Eu falo “$ 1.500,00 (dólares)”. O cara quer me matar! “Mas como só isso?” Calma, não é só isso! Lembre-se que terá que preparar a motocicleta, comprar equipamentos que precisar, fazer documentos caso não os tenha. O total de uma viagem como nosso exemplo gira em torno de R$ 5000,00 (Reais), ok?
E os documentos? Vamos precisar de alguns específicos e isso varia muito de país para país. No Brasil temos o site no Ministério das Relações Exteriores, simples de encontrar na internet, onde as informações sobre documentos, vacinas, autorizações e tudo o que será pertinente a essa parte do planejamento está de forma bastante clara. Procure pelos sites oficiais, sempre, como mencionei na edição passada.
No caso desse nosso passeio vamos precisar da PID, ou Permissão Internacional para Dirigir (a Carteira Internacional de Habilitação não existe mais), também do Documento da Motocicleta, no nome do condutor, sem alienação. Se o Documento estiver no nome de outra pessoa, o processo é mais complicado, mas é possível de se fazer. Precisaremos também do RG, CPF e da CNH (já que vamos andar no Brasil). O Passaporte neste nosso caso também é obrigatório, já que o Chile é “parceiro” do Mercosul e não participante. Lá o RG não serve pra nada. Vacinas, na Argentina e Chile não precisa de nenhuma específica. Mais um documento é a Carta Verde que é o seguro para terceiros, como o nosso DPVAT. Esse documento deve ser expedido aqui no Brasil, ok? Não caia na tentação de fazê-lo na fronteira, como os caminhoneiros, por que pela lei, esse último não vale. Ele deve ser expedido no país de origem.  
Uma dica: no Chile, é obrigatório portar a PID e a CNH (carteira de habilitação do país de origem). É a lei deles. Aliás, as leis de trânsito dos países onde você vai passar na sua viagem, é sempre bom conhecê-las, não acha? Eu faço até uma impressão atualizada, cada vez que faço uma viagem, de cada país. Dessa forma vou conhecendo-as aos poucos e não corro o risco de um policial mais “esperto” me tomar um dinheiro à toa. Somente para seu arquivo, a Lei de Transito Chilena é a “Ley 18290” e a Argentina é a “Ley 24449”.
Vou falar mais uma coisa do planejamento nessa matéria, dá tempo editor?
Quero falar da motocicleta só um pouco. A motocicleta é uma das grandes vilãs dos gastos. Se eu puder aconselhar alguém, vou dizer, saia com a motocicleta o mais “em ordem” possível. Eu costumo sair com pneus, velas, filtros, óleos, tudo novo. Isso mesmo, troco pneus mesmo os meus estando em bom estado. Achar uma revenda de pneus, uma oficina para trocar óleo ou fazer uma revisão, mesmo que simples, pode não ser uma coisa fácil, então, para evitar o trabalho e me focar totalmente no passeio, saio com tudo NOVO. Isso puxa os gastos pra cima sim, mas então, era para diversão não era? Só se sua diversão for procurar revenda de pneus ou oficinas, não faça isso!
Bom, era isso! No próximo texto quero falar como guardo esses documentos e o dinheiro na bagagem. Quero falar também da própria bagagem, o que levar e como, ok?
Se precisar de mim, pode me mandar e-mail para andre@rockriders.com.br, 
Um abração,
André Carrazzone Neto

Nenhum comentário:

Postar um comentário